segunda-feira, 16 de maio de 2011

Nicoletta Ceccoli

Incubi Celesti


Utilizando traços leves, tons pastéis e referências literárias clássicas a ilustradora italiana Nicoletta Ceccoli cria cenários e seres surreais.

Catgirl
Nascida em 1973 e formada pelo Instituto de Arte de Urbino, a artista se considera apaixonada pelo universo infantil. Em suas ilustrações é possível perceber não só referências dos contos de fada (como em Catgirl, que faz alusão ao conto folclórico O Flautista de Hamelin), mas também elementos de Alice no País das Maravilhas (Nectar, Lovely e Incubi Celesti) e  até contos bíblicos (The Princess and The Prey lembra a clássica cena em que São Jorge mata o dragão).

Além de diversas referências, Nicoletta também trabalha com as proporções (criaturas pequenas, insetos gigantes) e com a personificação de objetos.Outra característica é a presença de garotinhas delicadas, quase como faz Mark Ryden , porém, diferente de Ryden (que em muitas obras preenche o espaço com diversos elementos), nas obras de Nicoletta há sempre uma figura principal localizada geralmente no centro da imagem. 


Nectar
Lovely
The Princess and The Prey
           

sábado, 30 de abril de 2011

11:14

Lançado em 2003 e escrito e dirigido pelo americano Greg Marcks, 11:14 é a representação dramática da expressão “ ironia do destino”. No entanto, dizer que os acontecimentos mostrados na tela têm a mão do destino seria contraditório (se “destino” for considerado algo previamente definido) já que todo o filme se baseia no “se”. Se um fato não tivesse acontecido, o outro não aconteceria.

A trama começa com um jovem alcoolizado dirigindo um veículo em uma estrada. Inesperadamente um corpo vindo do alto atinge seu carro, exatamente às 11:14 da noite.A partir daí são mostrados diversos acontecimentos que a princípio não se relacionam entre si.

No decorrer do filme, vai ficando clara a ligação entre os personagens e as histórias, sempre de maneira surpreendente, o que prende a atenção do espectador e permite a dedução natural da ordem dos fatos. O destaque fica por conta da construção do roteiro.

11:14 utiliza-se da mesma essência de filmes como Babel (2006) e o brasileiro Não Por acaso (2007), mas mesmo tendo um enredo que envolve acontecimentos trágicos, o olhar é repleto de humor e ironia. Tudo o que acontece é motivado por ações “estúpidas”, o que acaba definindo o tom cômico.

            Outro fator que auxilia a “leveza” é a trilha sonora assinada por Clint Mansell, compositor que ficou conhecido ao trabalhar com o diretor Darren Aronofsky (Fonte da Vida, Réquiem para um Sonho, Cisne Negro).

            Apesar do excelente roteiro, a fotografia é bastante convencional; não há nada de extraordinário nos enquadramentos ou na iluminação. Ela apenas cumpre o seu papel em termos de aproximação da realidade,assim como a direção de arte, o que não chega a ser negativo e não interfere na qualidade do longa-metragem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sangue Latino

Os Nepomuceno: Eric e Felipe

No último dia 12 a TV Cultura apresentou os programas que irão compor sua nova grade de programação, que estréia no dia 18 de abril. Dentre eles está Sangue Latino, parceria entre o Canal Brasil e a Urca Filmes que apresenta entrevistas com expoentes latino-americanos de diversas áreas.

Com linguagem documental e apenas imagens em preto e branco (esteticamente interessantes e filmadas com câmeras de alta resolução, diga-se de passagem), o programa é um agrupamento de pontos de vista a respeito do Brasil e da sua relação com os países vizinhos: São 18 entrevistas com pensadores latino- americanos que expressam seus pontos de vista acerca da política, cultura, literatura e música, entre outros temas.

As entrevistas são conduzidas pelo jornalista e escritor Eric Nepomuceno,que dedicou grande parte de sua carreira jornalística a escrever sobre a cultura e a política latino-americanas. A direção fica por conta de seu filho, Felipe Nepomuceno. Entre os entrevistados estão Kevin Johansen, Eduardo Galeano, Paulo José, Ferreira Gullar e na estréia, Chico Buarque.
               
           Sangue Latino estréia no próximo dia 25 na TV Cultura às 20h45, porém como já faz parte da programação do Canal Brasil desde maio do ano passado, é possível ver trechos das entrevistas no site da emissora .

domingo, 10 de abril de 2011

Dota Kehr



Compositora, cantora e instrumentista, a alemã Dota Kehr iniciou sua carreira cantando nas ruas de Berlim, o que a fez ficar conhecida como Die Kleingeldprinzessin ou “a princesinha do trocado”, em livre tradução.

Em 2003 iniciou turnê pela Alemanha, Áustria, Suíça, Rússia e Nova Zelândia como líder da banda Die Kleingeldprinzessin und die Stadtpiraten (ou Dota und die Stadtpiraten). No mesmo ano passou por Fortaleza, onde conheceu Chico Cesar e gravou o disco Mittelinselurlaub – Perto da Estrada.

Ao todo são sete discos lançados na Alemanha de forma independente e dois gravados e lançados no Brasil: além de Mittelinselurlaub, foi lançado em 2009 o Schall und Schatten (Som e Sombra) pelo selo Chita Produções, de Chico Cesar. Este último apresenta forte influência de bossa nova e duas canções em português, “Do além” e “Á primeira vista” (composição de Chico Cesar que ficou conhecida na voz de Daniela Mercury).

Discografia:

Die Kleingeldprinzessin (Berlin, 2003)
Mittelinselurlaub (Fortaleza, 2003)
Taschentöne live (Berlin, 2004)
Blech und Plastik (Berlin, 2005)
Immer nur Rosinen (Berlin, 2006)
In anderen Räumen (Berlin, 2008)
Schall und Schatten (São Paulo, 2009)
Bis auf den Grund (Berlin 2010)
Solo live (Berlin 2011)

No Brasil, Dota já se apresentou em Brasília e São Paulo em dezembro do ano passado.


Links:  


segunda-feira, 21 de março de 2011

Mary Temple


     
     A artista americana Mary Temple cria a ilusão de sombras projetadas nas paredes utilizando-se de tinta látex, sensibilidade e muita criatividade.

     Ao ficar diante de uma de suas obras da Light Installation Series o reflexo óbvio seria olhar em volta a procura da janela- tamanho realismo com o qual as falsas sombras são retratadas- e perceber em seguida,com admiração, que a instalação está em um ambiente onde há pouca ou nenhuma luz natural e nem janelas e paisagens correspondentes às sombras.Imaginá-las fica a cargo de cada espectador.

     
     Outro trabalho é a série Postcard Skies (céus de cartões-postais), fotocolagens feitas a partir de fotografias das fachadas de prédios de sua vizinhança no Brooklyn que provoca a reflexão acerca das alterações na paisagem urbana.


Para ver mais acesse www.marytemple.com

domingo, 6 de março de 2011

Anja Garbarek




A biografia de Anja Garbarek disponível em seu site oficial diz que a cantora odeia ser previsível. Ela gosta de colocar letras obscuras em melodias confortantes e combinar o doce e o macabro.

Nascida em Oslo na Noruega, Anja tem quatro álbuns lançados: Velkommen inn (1992), Ballon Mood (1996), Smiling & Waving (2001) e Briefly Shaking (2006). Todos seguem uma linha de experimentação através da combinação de elementos eletrônicos, instrumentos acústicos e justaposição de sons.

Seu último álbum, Briefly Shaking, é considerado o mais comercial dos quatro, e também o que contem as letras mais obscuras, como é o caso da faixa 4 Sleep, baseada em uma história real de uma mulher que foi seqüestrada e aprisionada numa casamata*.

“And it is so strange
That my voice seems to've gone quiet
And even stranger still
That I never will be found”

Traduzindo...

“E é tão estranho
Que a minha voz parece ter se calado
E ainda mais estranho
Que eu nunca serei encontrada”

 Além dos quatro álbuns lançados, Anja Garbarek ainda assina a trilha do filme Angel-A , do francês Luc Besson.




*Abrigo subterrâneo que, numa construção fortificada, se destina ao alojamento de tropas ou ao armazenamento de munições. / Pequena obra fortificada.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Zero Não é Vazio


“O zero deveria ter um pontinho no centro para mostrar que não é vazio”. O documentário de Andrea Menezes e Marcelo Masagão lançado em 2005 dá voz àqueles que geralmente não são ouvidos, pessoas com um quadro clínico psicótico que apresentam a escrita compulsiva como conseqüência.
              
            A idéia inicial dos diretores era desmarginalizar a escrita de pessoas que sofrem de distúrbios psiquiátricos. Talvez o “zero” do título refira-se exatamente à anulação da palavra do “ louco”, que por ser considerada produto de devaneios é automaticamente descartada. Esse pré-conceito pode ser a justificativa para o fato de que na montagem foi omitido o quadro clínico das personagens. Apesar de perceptível não é evidenciado.

A abordagem de temas é feita de acordo com “as peles de Hundertwasser”, artista austríaco que enxerga a condição do homem no mundo através de cinco peles: a epiderme, o vestuário, a casa, o meio ambiente onde vive (o eu e o outro) e a pele planetária ou crosta terrestre onde todos vivemos (o universo).

Através de Gregório,Tatiana, Orlando, Condicionado, Léo e Arthuro, o documentário mostra tanto pelas imagens quanto pela fala das personagens e da "voz de deus" (ou deusa, já que é feminina) que o zero de fato não é vazio, mas sim, repleto de poesia.

“Aqui estou,
Enclausurado às liberdades que me permiti.
Às liberdades que me permitiram
Que eu me permitisse.
Às liberdades que permiti
Que permitissem que eu me permitisse
Eu e minha sombra,
Enclausurada em mim,
Que estou enclausurado nela.

Eu e ela.

Que não cheira, não fede,
Não fica alegre nem triste, não tem lapsos
Não vê a lua cheia, nem fura os próprios olhos
Com alfinetes de ouro,
Não ama, nem deseja
Não sente sabor, nem temor,
Ela que um dia irá confundir-se
Com a grande sombra universal,
Minha sombra, tão parecida com nada,
E eu.”
                  Léo